quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Enredos começam a ganhar forma na Cidade do Samba

Carnavalescos garantem que tudo sairá dentro do prazo previsto.
Beija-Flor faz enredo sobre Brasília, mas diz que não fala de políticos.


Aluizio Freire
Do G1, Rio



A pouco menos de três meses do carnaval, o que se vê nos barracões das escolas, na Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio, são muitas armações de madeira, ferragens expostas e trabalho em ritmo intenso em todos os setores. Porém, os carnavalescos garantem que não há atraso no cronograma e que tudo estará pronto dentro do prazo. Para ver a obra completa, é preciso esperar. Mas, alguns cenários já podem ser descobertos nos galpões.

Nem mesmo o escândalo do suposto pagamento de propina que atinge o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, desanima as equipes do barracão da Beija-Flor, cujo desfile em 2010 será com um enredo que homenageia o cinquentenário da capital brasileira.


Louzada diz que escola não vai entrar em polêmica

“A culpa não é de Brasília. Concebemos um enredo para falar da cidade, seu universo lendário e cheio de misticismo. É nessas fontes que fomos buscar inspiração. Em momento algum, a não ser em referências a JK (Juscelino Kubtischek), falamos de políticos. E não recebemos proposta para fazer propaganda do governo”, afirma Alexandre Louzada, que compõe a comissão de carnaval da azul e branco ao lado de Laíla, Fran Sérgio e Ubiratan Silva.


Ele, no entanto, reconhece que o trabalho “já poderia estar mais adiantado”. “Quando a gente coloca a ideia no papel é uma coisa, mas quando vamos passar para a execução é outra. Estamos fazendo um carnaval gigantesco, monstruoso, portanto, com muito cuidado para reproduzir as obras monumentais da cidade. Alguns carros são tão grandes que nem cabem no barracão. Não há espaço para a política”, diz Louzada, que observa operários montando Catedral de Brasília.


Mocidade também já exibe algumas alegorias

Na Mocidade, que vai defender o enredo “Do paraíso de Deus ao paraíso da loucura, cada um sabe o que procura”, o carnavalesco Cid Carvalho garante que está trabalhando dentro do prazo previsto. “Já estamos na parte da decoração. Não teremos nenhum carnaval de efeitos pirotécnicos, mas posso garantir que vamos fazer um feijão com arroz gostosinho.Vai ser saboroso”.

Para ele, a escola recuperou a vitalidade da torcida, principal argumento que o levou de volta à agremiação de Padre Miguel. “A paixão dessa gente, da comunidade, foi fundamental para o meu retorno. Quero ver a animação que vi no desfile de 2008. Eu acredito na torcida, do pessoal que está aqui dentro trabalhando, para que tudo saia dentro do prazo e a escola apresente um carnaval bonito na avenida”. O carnaval da Viradouro, comandado por Edson Pereira e Júnior Schall, conta com o “compromisso da equipe” para que tudo fique pronto na hora certa. “Durante três meses ficamos reunidos para montar um planejamento de gestão. Pensamos na concepção do carnaval, com a preocupação estética, mas também na redução de custos, inclusive com aproveitamento de algumas estruturas, que também ajuda a gente a ganhar tempo”, afirma Schall. A escola é composta por 34 alas.


O carnavalesco Júnior Schall supervisiona trabalhos da Viradouro

Os carnavalescos fizeram uma adaptação da estrutura do abre alas “Oxalá”, do ano passado, para usar as ferragens para o carro “Piratas do Caribe” no enredo de 2010. Com esses recursos, eles acreditam que conseguiram fazer uma redução de custo de aproximadamente R$ 500 mil. “É um gerenciamento para compensar a falta de patrocínio. E não há nada que prejudique a escola esteticamente”, garante Schall.

Como em outros barracões, no Porto da Pedra também esconde o jogo, embora a garantia seja a mesma: “está tudo indo bem”. Segundo o vice-presidente e diretor de carnaval Moisés Carvalho 70% de tudo que foi programado em agosto “já foi executado”. “Vamos entrar na parte de adereçamento dos carros, que estão sendo feitos com madeira e ferro, mas dentro do planejamento”, afirma.

Com o enredo “Com que roupa...eu vou? Pro samba que você me convidou” moda e arte serão os carros chefes. “Estamos voltados para a evolução da indumentária. Esse é o nosso fio condutor. Falar só de moda seria uma coisa muito abrangente. Vai sair tudo dentro do que planejamos”, garante.

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